Secretaria promove Fórum de Educação Inclusiva com povos indígenas

O toré, ritual de dança tradicional dos povos indígenas, marcou a abertura do II Fórum de Educação Inclusiva dos Povos Indígenas da Bahia (Feipib), que teve início nesta terça-feira (29/10) e prossegue até esta quarta (30/10), em Salvador. Realizado pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia, em parceria com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o evento tem como objetivo diagnosticar as expectativas e desafios da educação indígena inclusiva no atendimento de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
 
“Este fórum, em sua segunda edição, é um momento muito importante para os povos indígenas. Temos uma expectativa grande de garantir um atendimento especial nas escolas indígenas. A Secretaria da Educação, por meio das coordenações da Educação Indígena e da Educação Especial, está aberta para uma construção coletiva do novo acesso desses estudantes com necessidades especiais e ninguém melhor do que esse público para dizer quais as suas expectativas e desafios”, destacou Rosilene Cruz de Araújo, coordenadora da Educação Escolar Indígena da Bahia, da Secretaria da Educação do Estado.
 
Segundo Rosilene Cruz, por conta do trabalho de educação indígena inclusiva, as comunidades estão mais conscientes quanto à importância de inserir as crianças com necessidades educativas especiais no ambiente escolar. “Antes, os pais camuflavam um pouco essa realidade porque não entendiam bem a relevância de o Estado proporcionar o acompanhamento especializado nas escolas sem que, para isso, a cultura dos povos indígenas fosse ferida”.

A coordenadora da Educação Especial da Bahia, da Secretaria da Educação do Estado, Patrícia Silva de Jesus, ressaltou que escutar os povos indígenas que querem participar da educação indígena inclusiva é uma forma de somar esforços para que a prática docente especial seja efetiva. “Estamos juntos para ajudar a promover a inclusão da educação especial nas comunidades indígenas e, para isso, queremos ouvi-las para saber as suas necessidades e anseios”.

Público-alvo – Palestras sobre identidade, diversidade, legislação educacional e saúde, além de relatos de experiências de inclusão e atividades recreativas, estão na programação do encontro, que tem como público-alvo as populações indígenas vinculadas a oito Diretorias Regionais do Estado (Direc) do Sul, Extremo Sul e Oeste baianos.
 
O índio Flávio de Jesus Dias, que atua como coordenador na Direc 12 (Serrinha), destacou avanços alcançados. Ele cita, como exemplo, a Escola Estadual Jackson Berengue Prado, em Euclides da Cunha, onde dez crianças indígenas com necessidades educativas especiais estão matriculadas. Elas ficam sob os cuidados de professores auxiliares contratados pela Secretaria da Educação para ajudar os professores efetivos. “Nossa expectativa, com o fórum, é que a gente possa multiplicar o conhecimento e as experiências para melhor atender a esse público”.  
 
Da etnia Tupinambá, a professora Cristiane dos Santos, da Escola Estadual Indígena Tupinambá, em Olivença (Ilhéus), disse que “nosso trabalho é o de ajudar as crianças com necessidades educativas especiais a se desenvolverem na própria escola. Por isso, é importante que esse ambiente escolar esteja preparado para receber esses alunos, seja na sua estrutura física ou na de pessoal. Considero que temos alcançado um resultado positivo”, declarou a docente indígena.

Fotos: Claudionor Jr

Formação de professores - Representando o reitor Florisvaldo Valentim, a vice-reitora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Adriana Mármore, afirmou que o Fórum é uma forma de socializar as experiências de diversas etnias e aprofundar na discussão sobre educação indígena inclusiva. “A formação de professores é o caminho para melhorar a oferta dos cursos e manter a cultura indígena presente não só nas aldeias, mas também em toda a comunidade baiana”.
 
A vice-reitora da Uneb destacou, ainda, que a educação inclusiva na Bahia voltada às etnias indígenas é algo inédito no Estado.  “Apenas no Paraná e no Pará temos pesquisas universitárias voltadas para essa questão. Então, nosso Estado desponta como protagonista dessa grande tarefa que é promover a educação indígena inclusiva, sendo ela feita com a comunidade e não para ela”.

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