Topa: a Bahia firme no caminho da alfabetização

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O número é expressivo: mais de 1,1 milhão de pessoas. Este é o total de baianos alfabetizados pelo Governo do Estado por meio do Todos pela Alfabetização (Topa), maior programa de alfabetização para jovens acima de 15 anos, adultos e idosos do País. São pessoas como o agricultor Jonas Soares de Santana, 64 anos, morador do Encontro do Satiro, zona rural que fica a 13 km do município de Inhambupe. Ele teve a vida transformada pela chance de aprender a ler e a escrever.

“Foi no Topa que conheci as letras, aprendi a fazer contas e tive a chance de conhecer tudo com mais clareza”, disse Jonas Soares. Órfão de mãe aos nove anos, ele teve que trabalhar cedo para poder sobreviver com o pai. “Queria muito estudar. Minha avó dizia que quem não sabe ler e escrever é como um cego que anda sem saber o lugar que pisa, sem segurança, cai e morre”, lembra o agricultor.

A iniciativa, que só em 2013 beneficiou 130 mil pessoas, assegura a inclusão educacional dos baianos que não tiveram acesso à alfabetização na idade certa, incluindo povos indígenas, quilombolas, população carcerária, ciganos e pessoas com deficiência. Criado em 2007, dentro do programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal, o Topa trabalha sob a perspectiva de que a alfabetização é um direito que não prescreve com a idade.

O Topa é desenvolvido com municípios e entidades dos movimentos sociais e sindical, numa união de esforços para melhorar os índices de analfabetismo na Bahia. Em 2013, na 6ª etapa, o Topa abrangeu 366 municípios e 570 entidades, com 165 mil estudantes em salas de alfabetização. Cerca de 150 mil pessoas vão ser beneficiadas em 2014.

Redirecionando caminhos - O Topa assegura a inclusão educacional para a população carcerária, como é o caso do casal Valdemiro Cortezini (24 anos) e Kênia Geiza Teobaldo (29 anos), do município de Guanambi. Eles se conheceram durante as aulas na Casa de Custódia de Guanambi e, desde então, suas vidas mudaram.

Hoje, casados, continuam os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Nunca tinha gostado de estudar. Meus pais me matriculavam na escola e eu não ia. Depois do Topa, comecei a gostar de estudar. Quando vai chegando o horário da escola, eu já fico doido para ir pra aula”, conta Valdemiro. Já Kênia comemora não só a alfabetização, mas também a inserção no mundo do trabalho. “Hoje eu sei me comunicar direito, conversar. Trabalho em casa de família e convivo com pessoas estudadas. Agora, já sei ler os rótulos dos produtos de limpeza”.

Oportunidade – No município de Jeremoabo (380 km de Salvador), o estudante de pedagogia José Batista, primeiro alfabetizador cego do Topa, tem a missão de alfabetizar os primeiros estudantes cegos do programa. Para garantir a aprendizagem, o Governo do Estado adquiriu o reglete, uma variação do aparelho de escrita utilizado por Louis Braille, além do papel especial com gramatura diferente do normal e do material didático específico, em Braille. “Assim como eu tive a oportunidade de receber uma formação em Braille, quero que as pessoas cegas que moram aqui, e que estavam completamente leigas, também aprendam”, conta José Batista, que é, também, presidente da Associação de Cegos do Semiárido Baiano.

Alfabetização com solidariedade - Na quarta etapa do Prêmio Cosme de Farias, que reconhece experiências exitosas de alfabetização, um dos destaques foi o trabalho da educadora Raquel Deraldina Gomez. Vencedora na categoria alfabetizadora, Raquel vai ao encontro dos seus alunos, pacientes renais, na Clínica de Hemodiálise de Jacobina. “A experiência de vida desses estudantes faz a diferença da turma. Aprender a ler e a escrever lhes devolve a autoestima e ameniza a dor causada pelo tratamento”.

Topa em números:

Pessoas alfabetizadas – 1,1 milhão

Municípios atendidos – 366

Entidades dos movimentos sociais e sindical participantes – 570

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