Em entrevista, Walter Pinheiro fala dos projetos para a Educação

Foto: Lucas Melo/Ag. A TARDE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em entrevista, ao Jornal A Tarde, o Secretário Walter Pinheiro, fala dos projetos para a Educação.

Leia a íntegra da entrevista

Empossado nesta segunda-feira, 6, na Secretaria da Educação do Estado, o senador licenciado Walter Pinheiro (sem partido) assume a pasta visando otimizar os recursos disponíveis e ampliar o uso de ferramentas da tecnologia da informação nas escolas. Nesta entrevista, fala sobre a saída do PT e afirma cogitar a possibilidade de não se candidatar em 2018. Nesta entrevista, fala sobre a saída do PT e afirma cogitar a possibilidade de não se candidatar em 2018.

- O que o levou a aceitar o desafio de assumir a Secretaria da Educação?
Quando o governador Rui Costa me convidou, eu avisei que estava saindo do PT por causa da grande divergência com o governo federal, mas não com o estadual. Ele disse 'estou lhe chamando como CPF não como CNPJ'. Duas coisas me chamaram a atenção. Primeiro, estamos falando de um quadro de 85 mil pessoas, sendo 54 mil aposentados e 31 mil na ativa. É um desafio entender a proposta de colaborar com isso. A outra coisa é a necessidade da educação de trazer elementos da área de tecnologia da informação. Rui elegeu a educação como elemento central do governo, tanto que cada cidade que vai, ele visita uma escola. A primeira que visitou foi a Luiz Tarquínio, onde também estudei. Além disso, várias pessoas com que eu me deparava diziam: 'Você está  maluco, rapaz, aquilo ali é barril de pólvora'. Fiquei mais convencido. Se é tão complicado, é sinal de que temos que ir. Por que só vamos para a zona de conforto?

- O senhor já tem um diagnóstico da secretaria e das universidade estaduais?
Vou me debruçar nas coisas produzidas, nos avanços, e ver o que podemos preencher nas lacunas que ficaram. Quero olhar o PPA (Plano Plurianual), revisitar o orçamento, e vou tentar ver se conseguimos enxugar programas, ver o que podemos reorientar e inovar. Nossas quatro universidades estaduais são muito boas. Pouca gente sabe, mas a Uesc é uma principais de pesquisa do Brasil. Com toda a sua expertise, essas universidades podem ajudar a solucionar os problemas da educação.

- O senhor já tem projetos para a secretaria?
Uma coisa é derrubar os muros da escola, tem que ter uma relação de vizinhança, abrir as  escolas no final de semana. Por que uma escola como o Central não pode abrir no final de  semana? Por que não pode ter um museu interativo? Esse museu de ciência e tecnologia interativo eu estou fazendo com algumas entidades da América Latina para trazer para Salvador, no prédio do Central. Uma das coisas que me chamaram atenção é que se tem 17 mil salas na Bahia, 4,2 mil delas vazias. Por que não podem ser ocupadas pela comunidade? Dessas, três mil estão na região metropolitana.

- Nesse momento de crise econômica, como pretende captar recursos?
Além das tentativas em nível nacional, precisamos ter uma busca fora do Brasil. Na semana passada já comecei a conversar, aproveitei meus contatos com OCDE, Unicef, Organização dos Estados Ibero-americanos, assim como as agências de fomento. Nesse  período, já comecei a escrever um escopo para apresentar ao Branco Mundial. Vou procurá-los agora para a educação, eles têm vários projetos no mundo.

- Dizem que o bom trânsito que o senhor tem em Brasília foi um dos fatores que levaram Rui Costa a convidá-lo. O senhor será um interlocutor do governo?
Tem essa questão da interlocução. Mesmo defendendo minhas posições, me  relaciono super bem com todas as correntes. Por exemplo, tenho uma relação pessoal muito boa com o ministro da Educação (Mendonça Filho (DEM) ). O fato de estar sem partido na secretaria me dá a tranquilidade de dialogar inclusive com os partidos que fazem oposição ao governo Rui, e que hoje estão no plano nacional comandando.

- Em abril, o senhor e outros cinco senadores propuseram novas eleições para este ano. Como ficou isso?
Ficou muito complicado. Acho que todo mundo na sociedade hoje está reconhecendo que nós seis estávamos certos, não querem Dilma nem Temer, querem um novo governante. As coisas que ocorreram no Brasil não foram produzidas nem só por Dilma nem só por Temer, mas pelo consórcio Dilma-Temer. Não queremos a saída de um para a entrada de outro. Aliás, é outra crítica que faço à Lei do Impeachment. Você condena alguém no momento em que autoriza a abertura do processo. Nunca vi isso em nenhuma esfera do judiciário. Mas dizem que a proposta (de novas eleições) é golpe. É golpe o povo decidir quem quer para ser governante? Dizem que não tem dinheiro, mas já teremos eleições em 2016, é só acrescentar mais dois nomes no software, presidente e vice.

- Mesmo com críticas ao governo Dilma, o senhor votou contra a abertura do processo. Pretende voltar a Brasília para votar novamente contra?
Minha votação era muito coerente com o que eu defendia. A única chance de ter novas  eleições era não permitir a abertura do processo. Não pretendo  voltar para votar. Seria até desconfiança no suplente [Roberto Muniz (PP)].

- O senhor vê possibilidade de o quadro ser revertido em favor da presidente? E ela voltando, há condições de governabilidade?
Acho muito difícil ter uma reavaliação daqueles senadores que votaram pelo afastamento em número suficiente para que ela volte. Em sendo possível, acho que ela deveria abraçar a proposta das eleições. Mesmo ficando um número abaixo dos dois terços, ela pode voltar e não ganhar sustentação política suficiente para governar. Bom lembrar que na Câmara ela teve mais de 360 votos contra. Com 308, aprova emenda constitucional. Quem tem 360 votos faz qualquer governo tremer nas bases. No senado, a votação contra foi com 55 votos, com 49 aprova emenda.

- Qual sua avaliação do governo Temer?
Usei recentemente uma expressão do nosso poeta Caetano Veloso de uma de suas músicas, 'Fora da Ordem', para falar do governo: ainda em construção e já é ruína. Michel Temer assume apresentando um programa que já disse e desdisse várias vezes. Disse que não ia criar CPMF, depois que  ia criar, depois que não quer criar, e agora que está pensando em criar. Falta  legitimidade.

- Nesse contexto, ele terá governabilidade?
Não vai ser fácil. Ele pode até manter essa base parlamentar numérica. Mas de lá para cá, não vi chegar no Congresso uma proposta consistente para mexer na economia. Só tem mandado ao Congresso explicações, não saídas para resolver o problema da economia. A turbulência tem sido maior do que a  capacidade de apresentar soluções.

- Como o senhor vê a participação do ex-presidente Lula nesse processo? Acha que ele tem condições de voltar em 2018?
É uma avaliação que ele tem que fazer dos acontecimentos e a contribuição que ele daria. Ele tentou dar uma contribuição expressiva, participando de várias ações (no governo Dilma).

- Surpreendeu o fato de o PT abrir mão da cabeça na chapa majoritária nas eleições municipais deste ano em Salvador?
É um grau de amadurecimento, sentimento de entender que não só se chama parceiros  para o seu projetos. É positivo, para dizer aos parceiros que a gente não chama só para apoiar projeto nosso, mas também queremos apoiar projetos dos outros. É uma crítica que eu fazia ao PT.

- No atual cenário, qual o futuro do PT?
Não só o PT, mas os partidos de um modo geral vão precisar muito de um processo de reformulação das práticas, condutas e na forma de  atuar. Não tenho nenhuma mágoa nem ressentimento. Saí com muitos agradecimentos.

- O que levou à sua saída?
O descontentamento com o governo federal foi, talvez, o maior  motivador da minha saída do PT. As coisas que a gente propunha ao governo não só não eram recebidas como eram rechaçadas. É um governo que é  meu, que ajudei a eleger e não consigo propor. Chegou o momento que não era mais possível continuar, não dava mais, estava tendo um choque com o programa. Não tenho muita experiência com separação, vou fazer 39 anos de casado, convivo com minha mulher desde cedo. Não me cabe falar mal de essa que foi uma parcela importante na minha  vida. Espero inclusive que essa parcela encontre um novo caminho. Voltar para o PT eu acho difícil. Minha tendência natural é construir algo diferente. Ou até ficar um bom tempo sem partido.

- Tem sido "assediado" por quais partidos? Tem algum favorito para seguir?
Tenho conversado com muita gente. Alguns tenho evitado, até para não ficar história de que eu dei esperanças. Por isso que antes eu avisei que não quero conversar com ninguém para não dizer que eu abri a perspectiva e não consolidei. No atual quadrante da história, é  melhor que eu me preserve um pouco e mantenha as conversas no campo das ideias.

- O que tem considerado?
Na minha cabeça venho pensando na possibilidade de sair da vida pública, do  processo eleitoral, assim como venho fazendo uma reflexão desde 2010. Tenho vontade de  voltar à minha atividade profissional, na área de tecnologia da informação. Aconteceu comigo na Seplan, em 2010. Quando fui, não tinha mais intenção de ser candidato. Virei candidato porque César Borges decidiu sair. Entrei em junho. A formatação inicial é de avaliar o cenário.

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