Secretaria da Educação encerra Novembro Negro com live sobre religiões de matriz africana

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Foto: Divulgação

A live “Religiões de matriz africana: conhecer para não discriminar”, promovida pela Secretaria da Educação do Estado (SEC), nesta segunda-feira(30), encerrou a programação do Novembro Negro, realizado ao longo do mês em que se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro). Participaram o subsecretário Danilo Souza; a representante da Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial do Estado, Lucy Góes; a mameto Lembamuxi, do Terreiro Tumbenci; e a autora e a roteirista do documentário “Cá te espero no Tumbenci”, respectivamente, Hildete Costa e Aryadilla Sacramento. A mediação ficou a cargo da professora Deyse Luciano e da diretora de Currículo, Avaliação e Tecnologias Educacionais da SEC, Jurema Brito.

 

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O subsecretário Danilo Souza destacou a importância do reconhecimento e da afirmação da cultura afro-brasileira. “Em nome do secretário Jerônimo Rodrigues, quero dizer da necessidade de colocarmos, no âmbito da discussão da escola, em uma perspectiva muito positiva, todo este conhecimento rico sobre as religiões de matriz africana. É um momento importante da sociedade brasileira reconhecer e valorizar todas as formas de religiões e expressões do sagrado e firmar um campo de resistência de uma lógica excludente, racista, de desvalorização dos nossos conteúdos culturais e religiosos".

Localizado no Cabula, o Terreiro Tubenci, uma dos mais antigos da nação Angola do Estado da Bahia, foi tema da tese de doutorado da professora Hildete Costa. “O documentário ‘Cá te espero no Tumbenci’ é proveniente da minha tese, na qual falo do território Cabula como um lugar de resistência cultural, onde os indígenas e os africanizados viveram aqui desde o século XVI. Portanto, é um importante território cultural, que era chamado de Quilombo do Cabula e que agora é um quilombo urbano”, relatou.

Aryadilla Sacramento falou sobre a visão do terreiro na condição de roteirista, na perspectiva pedagógica e metodológica. “Foi uma grande oportunidade participar do desdobramento da tese da professora Hildete Costa. O roteiro aguçou em mim um olhar sensível em relação à religiosidade e foi um ponto de partida para o conhecimento, de fato, das religiões de matriz africana e suas peculiaridades. E percebi o quanto de didático que o documentário traz”.

A mameto (cargo equivalente ao de ialorixá) Lembamuxi falou da honra de o seu terreiro ter servido de uma tese que traz conhecimentos dos saberes e fazeres da casa religiosa. “O trabalho da professora doutora Hildete Costa é maravilhoso e gratificante para o nosso terreiro. O documentário agora é uma oportunidade para que a sociedade conheça o nosso trabalho de ajudar a comunidade do beiru, hoje Tancredo Neves”.

A  importância para a educação a discussão sobre o conhecimento das religiões de matriz africana foi ressaltada pela professora do Colégio Estadual Sete de Setembro, no Subúrbio Ferroviário, Deyse Luciano. “Conhecer para não discriminar é urgente. São muitos os casos de intolerância religiosa no Brasil, na Bahia, em Salvador, que é a cidade mais negra fora da África e que, infelizmente, ainda temos uma visão muito segregada sobre o que é cultura, porque fomos educados secularmente a pensarmos em uma única matriz cultural, a partir de uma visão etnocêntrica e eurocêntrica”.

A coordenadora executiva da Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, Lucy Góes, destacou a importância das atividades do Novembro Negro ao longo do mês. “Quero parabenizar a Secretaria da Educação pela série de atividades realizadas, que são muito relevantes, especialmente na área da Educação. Este tema, para nós, é de fundamental importância porque conhecer as religiões de matriz africana é uma forma de não as discriminar e trata-se de um tema crucial no enfrentamento do racismo”.

Jurema Brito, da SEC, fez uma avaliação sobre o Novembro Negro deste ano. “Ao final, fica a constatação de que temos muito a fazer para erradicar o racismo estrutural com o qual convivemos cotidianamente, violando direitos, dilacerando e matando vidas todos os dias. Precisamos, cada vez mais, que as nossas escolas, através do processo educativo, façam ecoar que vidas negras importam”.

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