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Aula inaugural: Pinheiro destaca pedagogia como essência da escola
Publicado em qua, 08/02/2017 - 17:20 por Ascom/SEC
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Foto: Claudionor Jr. - Ascom/Educação
O secretário da Educação do Estado, Walter Pinheiro, falou sobre as novidades para o ano letivo 2017, durante a aula inaugural, nesta quarta-feira (8), no Centro Educacional Carneiro Ribeiro – Escola Parque, em Salvador. “O dia de hoje é o momento em que a gente pode, efetivamente, começar a mostrar diversas coisas que serão adotadas na escola e na Secretária da Educação ao longo deste ano, que é a recuperação do espirito da escola”, afirmou.
Nesta perspectiva, Pinheiro falou sobre a implantação de coordenações pedagógicas em todas as unidades da rede estadual. “O marco para 2017 é todas as escolas com coordenação pedagógica. Ainda que adotemos ferramentas tecnológicas, precisamos cuidar do professor e do mais importante a ser alcançado que é o estudante. Tecnologia e softwares são ferramentas importantes, mas não falam, não executam o conteúdo de forma que a gente tanto quer. Esse é um conteúdo que brota na escola, é um conteúdo que interage na escola entre professores e estudantes, é um conteúdo que é capaz, inclusive, de promover as transformações”, destacou.
O secretário ressaltou que a pedagogia é a essência da escola e todos os esforços estão sendo empreendidos para fortalecer as ações pedagógicas. “A Tecnologia é ferramenta, é acessório, mas a pedagogia não pode ser uma agenda, um livro, um papel. A pedagogia é como a aurora que se reinventa a cada manhã. Toda escola com coordenação pedagógica é o desafio pautado para toda a Secretaria da Educação, que se coloca como ferramenta, como apoio”, acrescentou.
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Aliando pedagogia e tecnologia, a Secretaria da Educação do Estado lançou, durante a aula inaugural, o programa Inove Educação, fruto de uma parceria com a Google INC, para a disponibilização gratuita da plataforma Google Apps para Educação. O secretário disse que estes conteúdos irão dar suporte pedagógico para fortalecer o processo de ensino e de aprendizagem. “O uso desse conteúdo será decidido por cada escola, pelos coordenadores pedagógicos e pelos nossos professores, interagindo como uma grande rede social, dentro e fora da sala de aula. Isto vai permitir uma nova ligação entre professores e estudantes, de maneira que a gente tenha uma escola permanentemente viva”, avaliou Pinheiro.
Ainda sobre as parcerias, Walter Pinheiro falou sobre as iniciativas para promover o sentimento de pertencimento das escolas nas comunidades onde estão inseridas. “Não basta uma escola só fechada em si, mas uma escola que interage, que enxerga seu território, uma escola que passa a ter, inclusive, formação e até uma grade curricular muito vinculada ao que existem em seu território. É importante que o estudante se veja na escola e quando sair veja que a escola está sintonizada com a sua vida, que se abre para a comunidade e para a convivência com as famílias. A nossa escola tranquilamente será uma escola global, mas antes de ser global ela precisa ser uma escola com seu pertencimento territorial”, ressaltou.
Veja, na íntegra, a entrevista do secretário Walter Pinheiro ao apresentador da aula inaugural, Daniel Boaventura.
Bom dia a todos, bom dia a todas. Alegria muito grande de poder estar falando com a nossa rede e em rede. Quero começar dizendo que o ritmo é como se a gente imaginasse o corpo. Como o corpo, a gente vai tomar diversas iniciativas: reformar aqui, construir acolá, botar de pé aquilo que, por ventura, acabou enfrentando dificuldades, adotando algumas medidas estruturantes para chegar a Banda Larga, a Internet. Mas a gente sempre tem algo que é compatível com o corpo e o ritmo. Por exemplo, pode dar uma batidinha ali no tambor. Bateu, tocou no ritmo e a primeira coisa que toca é no corpo. A gente sacode sem sequer identificar o que está vindo de lá. É como se a gente tivesse tocando na pele. O ritmo bate na carne, ele chega do lado de fora.
A outra parte importante que vamos também adotar nessa escola renovada é a harmonia. A harmonia é como se fosse a alma. Ela vai, chega e arrepia, mexe com a gente. É aquilo que, na escola, a gente se emociona, é aquilo que a gente encontra no corredor, é aquilo que a gente encontra na sala de aula, é aquilo que a gente abraça. A harmonia chega, emociona, arrepia a pele, bate na alma, mas depois é como se o arrepio fosse embora. De repente, é como se a gente tivesse saindo da escola, deixando para trás.
A outra parte é o espírito. É a melodia, o conteúdo. É como se a gente dissesse assim: é a parte mais importante. É o espírito da escola. O espírito é como se fosse a melodia. A melodia comunica, a melodia chega. Nessa melodia, nós vamos introduzir diversas questões. Ainda que para o corpo a gente traga o hardware, o computador. Ainda que, para a alma, a gente aplique o software. Na melodia, o conteúdo. O conteúdo é a essência e a essência é a grande mudança, é a mudança em sala de aula, é a possibilidade em ter em rede estudantes e alunos, dentro e fora, com professores. Na escola ou em casa, no convívio, na relação, sempre na produção do conteúdo. Deixa a escola fazer. A escola pode fazer.
O papel da Secretaria é fazer o dever de casa e não passar o dever de casa para a escola. Está aqui o resultado de uma escola que faz no seu dia a dia, que vem pelo caminho das Ciências, pega uma carona na Robótica, sabe exatamente fazer o seu gingado de corpo, com harmonia, arrepiando a nossa pele, mas chegando com a melodia, aqui escrita pelos próprios alunos e tão versada na voz belíssima destes que frequentam esta estrutura. A grande investida é isso: resgatar o espírito, que é resgatar a coordenação pedagógica; é contar com o professor, essa peça mais importante dentro de uma escola, aquele que pode estabelecer a ligação entre esse estudante e a sua comunidade; esse estudante e a sua família. Resgatar aspectos territoriais, fazer a ligação. Se não falo do meu território, se não vivo a melodia desse meu território, como é que vou me expressar na melodia global? Se eu não pertenço à minha terra, se eu não tenho a minha terra, eu não tenho outras terras. Portanto, é esta melodia que estamos buscando.
A melodia é como algo que comunica. Gigante pela própria natureza. Os tiranos nunca mais. Essa melodia chega, bate e fica. Ela não vai embora, ela fica no espírito. É este o novo desafio. A escola: inovar com pedagogia, não com tecnologia. Tecnologia é ferramenta. Tecnologia é acessório. Eu não sei o nome do software que vamos utilizar nas escolas, não quero saber o nome do equipamento que vai poder ser usado em cada canto da escola ou da casa. Mas a pedagogia não pode ser uma agenda; a pedagogia não pode ser um livro; a pedagogia não é um papel. A pedagogia é como a aurora: se reinventa a cada manhã. A pedagogia penetra como o orvalho quando bate em toda aquela grama. A pedagogia atravessa o corpo com o seu ritmo. Bate na alma com a sua harmonia. E chega no espírito com a melodia que comunica. Vem e fica e, portanto, desperta vocações e transforma vidas. Este é o desafio para 2017: todas as escolas com coordenador pedagógico.
Pergunta de Daniel Boaventura ao secretário Walter Pinheiro:
Como a escola pode despertar vocações e transformar vidas?
O primeiro passo, que para mim é um desafio pautado para a nova direção da Secretaria da Educação, é justamente a Secretaria se colocar como ferramenta. A Secretaria se colocar como apoio. A Secretaria ajudar. O segundo passo que demos, internamente, é acabar com as ilhas na Secretaria. A Educação Profissional, por exemplo, não pode ser um objeto, não pode ser algo que está localizado em um tempo. Ela passa agora a ser Ensino Tecnológico. Ela interage, ela chega em todas as etapas de nossas escolas. Por que não levar a Robótica desde o Ensino Fundamental para chegar no caminho da Matemática? Porque não usar a horta não só para temperar o feijão de nossa escola de Tempo Integral, mas para permitir, através da horta, o contato com a terra e o ensino da Geografia e a possibilidade de trilhar o caminho da Biologia? Por que não pegar pelas artes para a gente conseguir, através da música, e com a acústica estudar Física? Através dos caminhos da Dinâmica e da Eletricidade conseguir, inclusive, mover essa escola?
Despertar isto é exatamente entender que não se pode engessar a escola. Eu tenho uma Base Nacional Curricular. Há uma base definida. Mas deixa a escola fazer a sua agenda. Deixa a escola escolher o caminho das artes, o caminho da música, o caminho das Ciências, o caminho da Saúde, o caminho da vida. A escola não é um ponto para formar apertadores de botão. A escola é um ponto para formar cidadãos. Uma escola que não forma cidadãos não é uma escola que vai transformar. E o caminho para a gente fazer isso é promover esta integração e o principal ponto que nós mexemos na Secretaria é a mudança de regional para territorial, que é fundamental. Não temos como remotivar essa escola se não permitir que o estudante, quando sair da escola, tenha a certeza de que sua escola está sintonizada com a sua vida. Não tem como mudar essa escola se a família não adentra nessa escola. Se essa escola não abre nos finais de semana, como faz o nosso (Centro Estadual de Educação Profissional em Saúde e Tecnologia da Informação Carlos Correia de Menezes Santana) Carlos Santana, no Nordeste de Amaralina, que é uma escola aberta à comunidade não só para a assistência, mas também para a convivência. Porque a escola não pode permitir que a sua comunidade batize, case e faça festa? Essa mesma comunidade que aprende é a mesma comunidade que estuda. Como disse o velho Paulo Freire, aprendendo e ensinando e ensinando e aprendendo.
Então, esta é a transformação para que essa escola passe a ter um outro eixo. Na Secretaria, também estamos mudando. Não teremos mais Recursos Humanos. Recursos são cadeiras, recursos são financeiros, recurso pode ser até os software. Mas recursos humanos não. Nós temos pessoas. Chegou a hora da escola discutir isto: o envolvimento e a integração das pessoas nessa escola. Grande abraço.
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